segunda-feira, 29 de novembro de 2010

(entrevista)

A forma de “Uma Viagem à Índia” não é exactamente a forma da poesia em verso e por isso o sentido adquire-se também de maneira distinta. Aqui a forma tem uma outra lógica, impõe pausas e cortes e com isso dá um ritmo de leitura que é completamente distinto: condiciona o modo de ler.

( ) “Uma Viagem à índia” em termos de género é muitas vezes uma coisa e o seu oposto. É também, em parte, um ensaio.

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Esta epopeia do séc. XXI, “Uma Viagem à Índia” conta as aventuras, mais mentais mas também físicas, de uma personagem, Bloom, que sai de Lisboa em fuga em 2003.
É como se, passo a passo, Bloom seguisse o percurso de "Os Lusíadas", mas acompanha-o como se partisse de um mapa de um outro mundo. Os acontecimentos são passados em 2003, com uma personagem de ficção que parece ela mesma saber que é personagem de ficção. Na viagem de Bloom todos os acontecimentos são mínimos, a mesquinhez do que lhe acontece está sempre presente. Não é um herói antigo, é uma personagem de ficção moderna, com as misérias modernas e com a ironia como arma que utiliza para se defender do mundo.
Bloom, em 2003, não está já no mundo das grandes conquistas e das grandes descobertas colectivas. Bloom é uma personagem de ficção que age totalmente sozinho. É um individualista do século XXI.

(Entrevista jornal Público)